domingo, 31 de julho de 2011

O pica pau do consciente.

Como uma motosserra
Ele labuta por
Anos
Meses
Dias
Horas
Minutos
E segundos
Bate, perfura e corta.
Para ele
Não existe massa cinzenta dura
Pois, somente ele tem a chave
Que abre e perfura
 As minhas memórias.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Os olhos da lagartixa

O sertão,
As veredas,
Riobaldo,
Diadorim.

Este rude
Sol,
Solo,
Homem.

Estas secas
Vidas,
Crianças,
Esperanças.

Estas retorcidas
Trilhas,
Serpentes,
Repentes.

Estes dias
Quentes,
Cigarras.
Contentes.

Está tudo gravado,
No esquecido cerrado,
Pelos olhos,
Da lagartixa.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Palavras ao vento

Soltei palavras ao vento
Elas partiram como bolhas de sabão
Umas estouravam ao longe
Outras estouravam no chão

O vento uivava pela cidade
As palavras espalhavam felicidades
Então o vento entrou pela janela
E acordou uma linda donzela

E ela encantada...
Formava frases na sacada
E assim ia a poesia...
Não respeitando a geografia

Então o vento voltou
Pedindo mais versos e mais rimas
Pedindo também mais linhas
De novo lancei palavras ao vento.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O retrato


Novamente lhe encontro caído,
Desfigurado pelo tempo.
Vejo que as traças não lhe deram sossego.
Vejo que as cores já lhe fogem a face,
E um amarelo hepático já lhe cobre o peito.

A poeira está sim já lhe segou os olhos,
Tamparam-lhe os ouvidos e sujou-lhe as vestes,
Até o prego no reboco me diz,
Que você envelheceu depressa.

Lembro-me ainda o dia que o tirei,
Sorria para a câmara...
Mas é uma pena que você tenha envelhecido tanto,
Que não possamos recordar juntos.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Flores


Seja qual for a sua dor,
Haverá sempre uma flor,
Para lhe cobrir o peito.
Rosas, crisântemos, cravos ou margaridas,
Flores sobre um corpo,
Cheiram mais do que uma vida.
Mas não esqueçamos os crisântemos,
Também não nos esqueçamos das orquídeas,
As flores dos lírios são brancas,
Mas suas ilusões são coloridas.
Dizem que até as flores têm a sua sorte,
Pois umas enfeitam a vida,
Outras enfeitam a morte.
Flores que deixam loucos os colibris,
Flores que desabrocham na primavera,
Flores que dei à namorada no jardim,

Flores são tantas as flores...
- Tirem estas flores de mim!


Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

Dia do escritor


Palavras, letras e lixo.
Mesa de computador
Assim passo os meus dias
Escrevendo...

Informando, desinformado
Não consigo acompanhar o mundo
Nem tão pouco os tantos Raimundos.

Se te escrevo não leio
Tenho outros anseios
Quero ler-te também.

E na minha escrivaninha
Onde repousam nossas memórias
Escondo as minhas escórias

E deixo a vida levar e trazer as nossas noticias.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

sábado, 23 de julho de 2011

Era uma vez!


Era uma vez um rapaz
Capaz.
Porém um pouco audaz
Não totalmente eficaz.

Porém pobre rapaz
Não só andava para traz
Tinha um fraco cartaz.

Queria ser um alcatraz
Mandar sem capataz.
Livrar-se do satanás
Viver, sonhar em paz.

Era uma vez um rapaz
Capaz?
Um pouco audaz
Mas não totalmente eficaz.

 E que agora jaz.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Persistência da Memória


A memória persiste,
Nas horas insanas.
Em que os relógios derretem...

Não marcam mais as horas,
Mas as temperaturas.
Da minha cabeça.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

A indústria do silêncio.


Aqui não se fabrica casas,
Não se fabrica carros,
Não se fabrica navios,

Aqui não se fabrica sonhos,
Não se fabrica ilusões,
Não se fabrica aço.

Aqui não se fabrica sons,
Não se fabrica ruídos,
Não se fabrica canções.

Aqui, meu amigo, fabrica-se
Apenas o silêncio.

E, por favor!
Mantenha-se calado
ou podes ir para Pasárgada.
                                                     
    Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

terça-feira, 19 de julho de 2011

O poeta


Um dia, sentou-se o poeta
Dedicado a escrever
Tinha em mente a poesia
Mas, não tinha mais você.

Então o poeta chorou
Chorou para esquecer
Os bons momentos da vida
Que passou junto a você.

E na sua poesia triste
O poeta se pôs a dizer
Não tenho mais inspirações
Não preciso mais viver.

Morreremos os três juntos
Eu a poesia e você.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

Um homem!

Um homem
Um animal
Um bom homem
Um homem mal.

Um homem
Um animal patriota
Um intelecto homem
Um homem idiota.

Um homem
Um animal camarada
Um tudo homem
Um homem nada.

Um homem
Um animal malandro
Um sério homem
Um homem escândalo.

Um homem
Um animal especial
Um espírito homem
Um homem animal.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Lápide

A casa terna retorna
O filho distante
A Terra púrpura volta
O pó errante.

Repousam na lápide fria
A história vidente
As fantasias e a geografia.

Entre o mármore e a escrita
Fixa-se um nome a cripta.

Lembranças se passam
Os choros se vão
Cai a poeira púrpura
Nas pedras do chão.

Na lápide mórbida
Repousa em sossego
O homem e os seus segredos.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

Meus trunfos.


Se o branco glacial me apavora,
ardente é a chama loura que me devora.
Se os cumes nebulosos me metem medo,
estão em teus negros olhos os meus segredos.

Se o ocre da terra me apavora,
vão para os solos da terra a minha história.
Se a minha vida em quedas se precipita,
estão nos sons das quedas as minhas fitas.

Se o meu barco tênue baila em tédio,
vão se as minhas  esperanças deste prédio.
Se na vida procuro o que não se acha,
estão o jogo da vida é uma trapaça.

Se jogo com você a derradeira cartada,
é porque estão nas últimas cartas os meus trunfos.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

terça-feira, 12 de julho de 2011

A política.

         
E quando o grande imperador Calígula”
nomeou senador romano seu cavalo, Incitatus…
E ele discursou:
- Eu prometo nunca mais prometer:
- Um sapato antes das eleições e o outro depois,
- Um poste na rua B, e asfalto na rua C,
- Uma bolsa de estudos para seu filho estudar no Guarujá,
- Uma merenda deliciosa na escola,
- Uma ponte ligando duas comunidades,
- Um túnel super-faturado em São Paulo,
- Carregar dinheiro na cueca,
- Ter contas fantasma em bancos caribenhos,
- Acabar com a miséria no mundo,
- Uma educação de excelência para todos,
- Não perseguir meus inimigos políticos,
- Filiar a um só partido,
- Defender uma só bandeira,
- Não empregar os meus parentes,
- Não usar o cartão de crédito do senado,
- Não cobrar tantos impostos,
- Esquecer a CPMF,
- Abaixar o IPVA,
- Fazer o teste do Tiririca antes das eleições,
- Não governar com mãos de ferro,
- Dar posse somente por concursos públicos,
- Receber somente o salário da função exercida,
- Não desviar as verbas,
- E quando o cavalo terminou o seu discurso, todos o aplaudiram de pé,
Menos um burro, este desconfiado da história foi ler e entender:
a política da sua época…


Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

Namorar é!

Cantar feito um rouxinol apaixonado,
Libertar seus dotes de pavão alado.
Conjugar o verbo amar sendo amado,
Abraçar e ser abraçado,
Beijar e ser beijado,
Sonhar e permanecer sonhando.

Namorar é ficar enamorado,
E querer sempre um pouco mais,
É olhar nos olhos a procura da paz,
É fitar e ser fitado,
É declarar e ser compreendido.
É ligar para ser atendido.

Namorar é novidade,
É gritar pela cidade,
E jorrar felicidade.
É sorrir a todo instante,
Seja perto ou distante,
Namorar é tudo isso...
Namorar é muito mais...

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

sexta-feira, 8 de julho de 2011

"Pausa para o amor"


O amor é tão bonito,
Dá gosto e dá prazer.
O amor me trouxe ao mundo.
O amor trouxe a você.

Não vamos sujar o amor,
Com moléstias e palavrões.
Vamos fazer do amor,
Alegria e emoções.

Que tal darmos uma pausa,
Uma pausa para o amor.
Dê a sua mamãe uma rosa.
Dê a sua namorada uma flor.

Vamos curtir de perto,
Os sussurros do nosso amor.
O calor de nossos corpos,
O seu aroma e o seu sabor.

Enquanto existir amor,
Existirá esperança.
Façamos do amor nossa arma,
E lutemos com confiança.

Sairemos vencedores,
Com o gosto da vitória.
Entramos na onda do amor,
E a nossa vida será glória.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

"Alerta Drogas"


Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

O sexto pólen,
Não é o da flor.
O sexto pólen,
É o do horror.
O sexto pólen,
Ninguém plantou.
O sexto pólen,
Se estagnou.
O vento pólen,
Não mais soprou.
A abelha pólen,
Não decolou.
A flor do pólen,
Até murchou.
Mas no sexto pólen,
O homem tocou,
O homem pólen,
Se fecundou.
No seio do homem,
O pólen cresceu..
O sexto pólen,
Se multiplicou..
No fruto do ódio,
No fruto da dor.
Quem usa drogas,
Não é mais flor,
Não dá perfume,
Só exala fedor...

A vida.

A vida não é somente
A existência em si só
A vida é a seqüência
Da existência em dó maior.
A vida é uma moeda
Uma faca de dois gumes
A vida são duas lanternas
Nos olhos dos vaga-lumes.
A vida não tem segredos
A vida só tem mistérios
A vida começa em berços
E
termina em cemitérios.
A vida é para ser vivida
Na consciência do que é certo
Na correção do que é errado
Na divisão dos nossos pecados.
A vida vale ouro
Mas o ouro não vale a vida
A vida é para ser preservada
Nunca para ser destruída.
A vida precisa de poetas
Os poetas precisam da vida
Da vida para ser cantada
Da vida para ser dividida.


Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

terça-feira, 5 de julho de 2011

"As escórias humanas"




Mais que o nosso nobre metal;
Ficam esquecidas as escórias,
O mal, o ódio e a vingança,
Todo o impregnado das almas,
Deve ser fundido e limpado.

Devemos fazer a metalurgia dos dias,
Retirando espinhos e plantando flores.
Esquecendo da vida e dos velhos amores.
Fundindo nossos corpos em suas dores.

A cada novo dia vencer seu leão,
Para que  no cair da noite fria.
As escórias amontoadas nos lembre,
Que maior foi à produção da vida...

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Disco voador



                          
Vejo um lume,
De vaga-lume,
Vejo outros lumes
De estrelas...

Vejo-me perdido.
No chão esquecido,
No solo desta Terra,
Que a tudo encerra.

Sonho...
Ir ao espaço, até o grande infinito,
Brincar neste céu,
Que é tão bonito,
Mas não posso voar!

Então nessa noite,
Vejo outro lume,
Não é de estrelas,
Nem de vaga-lumes.
É de disco voador!

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira

Ampulheta

Acenda a sua candeia,
O tempo é só areia.
Que cai da ampulheta...
O mundo é só um mundo...

Raimundo! São tantos Raimundos...
Armar é uma ribalta,
Afinal, o que passa, são somente os corações...
A chama que posto chama.

Renasce na poesia,
Repetimos as mesmas cenas,
Que já foram experiências de um dia,
Por fim, receberemos o prêmio maior,

O OSCAR pelas mãos da morte.

Autor: Gilberto Fernandes Teixeira